(Foto: Digital Vision/StockPhotos)
Título original: Functional identification of an aggression locus in the mouse hypothalamusPublicação: NatureQuem fez: Dr. Dayu LinInstituição: Universidade de Nova York e Instituto de Tecnologia da CalifórniaDados de amostragem: Grupos de cobaias machos e fêmeasResultado: Na mesma região do cérebro onde há atividade durante momentos de agressividade há uma diminuição de atividade durante o acasalamento
Comportamentos de acasalamento e de agressividade podem estar interligados através de uma mesma região do cérebro, sugere um novo estudo publicado pelo periódico Nature. A pesquisa, liderada pelo doutor Dayu Lin, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, identificou uma variação de atividade em uma mesma região do cérebro de ratos durante dois momentos distintos: sexo e briga.
Segundo a equipe de cientistas responsável pelo estudo, células localizadas em uma região profunda do hipotálamo, a sede cerebral das emoções, determinam se um camundongo entra em conflito com outra cobaia ou se tenta se reproduzir com ela.
A pesquisa mostra ainda que os mesmos neurônios em atividade durante momentos de agressão se “acalmam” durante o acasalamento. Quando ocorre o contrário – as células ficam agitadas -, os camundongos atacam até mesmo as cobaias fêmeas.
A experiência envolveu encontros consecutivos entre ratos dos dois gêneros. Para avaliar o comportamento dos camundongos, os médicos marcaram através de uma espécie de etiqueta fluorescente as células ativas do animal. Através desse processo de “tagueamento”, os neurocientistas perceberam que os mesmos neurônios de uma região chamada hipotálamo ventromedial (VMH) que entravam em ação durante as brigas eram “desligados” na hora do sexo.
- O que já se sabia sobre o assunto
Existem inúmeras pesquisas que avaliam regiões do cérebro responsáveis pela agressividade, mas não há consenso sobre quais neurônios são ativados durante essas reações. Para o neurocientista da Universidade de São Paulo, Newton Sabino Canteras, a hipótese levantada pelo artigo publicado na Nature é bastante relevante e representa um avanço para a neurociência. Mas ele ressalta que que nos humanos essa relação é diferente. “A área que responde pela agressão é similar em homens e camundongos, mas não podemos fazer qualquer transposição quando a questão é o acasalamento”, explica o médico. “Nos humanos essa análise é muito mais complexa. Os aspectos sociais precisam ser levados em conta.”
Especialista: Newton Sabino Canteras, neurocientista da Universidade de São Paulo (USP)
Envolvimento com o assunto: Canteras estudou funções do hipotálamo em sua livre-docência na USP e foi um dos consultados pela Nature na repercussão do estudo.
- Conclusão
A pesquisa é relevante para a comunidade científica, mas não pode ser associada ao comportamento humano. Embora algumas funções cerebrais sejam similares em homens e cobaias, temas que envolvem a interferência de aspectos sociais precisam ser analisados com parcimônia.
Fonte: Superinteressante (Por Renata Honorato)
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